sábado, 21 de agosto de 2010

Um bebê agora não? Conheça as opções para evitar e espere o momento certo.

A Família - Tarsila do Amaral
Olá,
Hoje vamos falar sobre planejamento familiar por métodos anticoncepcionais.
É um assunto importante para homens e mulheres, afinal essa deve ser sempre uma decisão conjunta.


Mas também é um assunto muito ligado à saúde feminina por alguns simples motivos:

• apesar de a gravidez ser um evento do casal (a mente dos dois vai se transformar e se adaptar à idéia de um filho chegando), no fim das contas o corpo modificado será o dela
• a maioria dos métodos de controle de natalidade atualmente são femininos e não masculinos
• consequentemente, efeitos colaterais e responsabilidade pelo uso correto são mais ligados a elas do que a eles

Atenção: vamos comentar aqui métodos para evitar a gravidez, mas lembrem-se sempre: o único modo de evitar doenças sexualmente transmissíveis (sífilis, gonorreia, hepatite, aids, hpv, ... , ... ,...) é a camisinha!!! Não abra mão da sua!


Bem, vamos às tantas opções disponíveis. São muitas, você pode ler todo o texto, ou ir direto àquelas que te interessam mais:


TABELINHA
Dia 1 = início da menstruação
Como: em princípio é simples, nada de sexo nos dias férteis da mulher. Esses dias, grosso modo, seriam 4 dias antes e 4 dias após a ovulação. Agora, por favor meninas, levante a quem sabe o dia exato de sua ovulação. Não, ninguém? Nenhuma por aí? Pois é... Um modo de calcular seria chamar o início da menstruação de dia 1. A ovulação assim ocorreria no dia 14. Maaaaas, mulher não é relógio, então também pode ser no dia 12, 13, 15, 16.... por aí, mais ou menos, variando de mês a mês. Legal, né? Logo, por segurança, o “nada de sexo” deve ocorrer do dia 7 ao dia 21, arredondando.
Vantagens: baixo custo, sem efeitos colaterais, pode ser revertido a qualquer momento.
Desvantagens: basta olhar a quantidade de “mais ou menos”, “por aí”, “variando” que fazem parte desse método. Resultado, ele falha bastante, em cerca de 20% dos casos. Isso, se o ciclo for bem regular, porque se for aquela coisa de atrasa 3 dias aqui, adianta uns 2 acolá, a % de falha aumenta. Outra coisa, ele exige disciplina. Esse “nada de sexo” pode acabar caindo, no dia-a-dia, num “quase nada”, afinal só um carinhozinho assim não tem problema, né? Na realidade pode ter, se o casal não for militarmente comprometido e acabar deixando esse carinhozinho rolar além do permitido.


COITO INTERROMPIDO
Como: o homem deve pressentir a ejaculação e retirar o pênis da vagina antes que o esperma seja liberado.
Vantagens: iguais ao método anterior
Desvantagens: requer auto-controle. Requer cuidado – se isso for feito numa segunda relação, o homem deve urinar antes, para retirar resíduos de esperma da relação anterior. Mesmo assim, não garante eficácia total, pois o líquido pré ejaculatório pode conter espermatozóides. É difícil de se estimar, mas esse método deve falhar em 25% dos casos.


CAMISINHA MASCULINA (PRESERVATIVO, CONDOM)
Como: é um envoltório de látex usado para recobrir o pênis durante todo o ato sexual e evitar que o esperma atinja a vagina. Requer alguns cuidados no início: colocar só quando o pênis estiver ereto, apertar a pontinha antes de desenrolar para tirar o ar e evitar que estoure, desenrolar somente sobre o pênis, do lado certo e completamente. E requer cuidados ao fim do ato sexual: retirar o pênis da vagina logo após a ejaculação para evitar vazamento.
Vantagens: é um dos únicos métodos que protege contra Doenças Sexualmente Transmissíveis (o outro é a camisinha feminina, e só). Se for bem utilizada tem eficácia de até 98%. Tem baixo custo: pode ser obtida gratuitamente nos Centro de Saúde do país (popular “postinho”).
Desvantagens: Mal utilizada, a eficácia pode cair para 88%. Alguns casais não a utilizam desde o início, desde as preliminares, e isso pode ser arriscado. Algumas pessoas têm alergia ao látex, e não podem utilizar esse método.


CAMISINHA FEMININA
Como: o objetivo é o mesmo do masculino, evitar contato do esperma com a vagina. Ela é um tubo de poliuretano com dois anéis, um ficará no fundo da vagina e o outro para fora do corpo da mulher. Para ser colocada, o anel da extremidade fechada deve ser pressionado (até ficar como um 8) e introduzido na vagina o mais profundamente possível. Após a retirada do pênis da vagina o anel externo deve ser rosqueado para evitar vazamentos durante a retirada.
Vantagens e Desvantagens: como as da camisinha masculina, com a mesma eficácia. Tem custo um pouco maior e não é distribuída gratuitamente.


DIAFRAGMA
Como: É um tipo de “gorrinho para o colo do útero”. Tem um anel que também deve ser pressionado para ser inserido na vagina até chegar ao colo. Deve ser usado com espermicida, armazenado adequadamente e limpo, para evitar infecções. Deve ser colocado cerca de meia hora antes da relação e retirado de 6 a 8 horas após. Tem diversos tamanhos, logo deve ser indicado por um médico.
Vantagens: pode ser reutilizado várias vezes
Desvantagens: se mal armazenado causa infecções. Mal colocado tem sua eficácia diminuída. É necessário um médico para prescrevê-lo.



DIU DE COBRE
Como: É um aparelhinho em forma de T recoberto por um fio de cobre que é inserido no útero por via vaginal em um consultório médico. Sua duração é de cerca de 3 anos, podendo chegar a 5. O que impede a gravidez, no caso, é a presença de um corpo estranho, o que causará uma reação localizada modificando o ambiente uterino e impedindo a fecundação. O DIU não é um sistema abortivo, pois a fecundação nem mesmo chega a acontecer. O cobre vai sendo liberado aos pouco do aparelho e vai causando uma espécie de inflamação local, impedindo a chegada dos espermatozoides até o óvulo. Há evidências de que o cobre também seria tóxico para os espermatozoides, causando sua morte precoce. Não, não se preocupem, com essa história de “tóxico”, “inflamação”, etc. São palavras fortes que podem assustar, mas vamos lá: essa inflamação é mínima e localizada, a mulher não a sentirá como um incômodo; e a toxicidade do cobre é para os espermatozoides, ela não chega até você, pois o metal não chega a ser absorvido pelo corpo da mulher, não vai para o sangue.
Vantagens: A eficácia é alta (99%) e caso falhe, o DIU pode ser retirado para o andamento da gravidez, ou às vezes isso nem é necessário. Não depende de a mulher lembrar de tomar algo todos os dias, como as pílulas,  e tem efeito imediato.
Desvantagens: é necessária uma boa equipe treinada para a colocação, evitando acidentes e desconforto. Há um certo risco de uma inflamação na região pélvica. Região onde? Lá, nas partes baixas, onde estão útero, bexiga, vagina e outros. Pode ocorrer um aumento do fluxo menstrual importante, e aumento de cólicas, mas isso tende a diminuir após alguns meses. Nas mulheres em que o método falhar (isso acontece em 1% dos casos lembra? Nenhum método é perfeito...) As chances de que ocorra uma gravidez fora do útero é um pouco maior do que nas mulheres que não usam DIU. Como o espaço que seria do feto está “ocupado” ele se ajeita em outro local, mas isso não é frequente, o normal é uma gravidez uterina mesmo.


Neste ponto vamos começar a falar de alguns métodos que utilizam hormônios para alterar o ciclo reprodutivo da mulher.


ANTICONCEPCIONAL ORAL COMBINADO - PÍLULA
Como: são cartelas de pílulas que devem ser tomadas de diferentes maneiras dependendo da quantidade de hormônio que contenham. Algumas são tomadas diariamente por 21 dias, com interrupção de 7 dias entre as cartelas. Outras são tomadas também diariamente por 24 dias, com interrupção de 4 dias. Os hormônios contidos nas pílulas são estrógenos e progestágenos, análogos aos produzidos pela mulher. Mas então como agem? Por que afinal de contas dar um hormônio que a mulher já produz evita a gravidez. Acontece que mulher é essa criatura instável que todos conhecemos e por isso mesmo produz quantidades diferentes de hormônios durante o ciclo menstrual. Às vezes faz só um pouquinho de um e muito do outro, às vezes inverte... E é justamente esse baile de hormônios, dois pra lá dois pra cá que faz acontecer a ovulação (saída do óvulo do ovário para o útero). Quando a mulher toma a pílula, esses hormônios ficam numa concentração constante no organismo. Sem baile, sem ovulação; sem ovulação, sem gravidez. Além de inibir a ovulação, as pílulas fazem com que o “muco cervical” (que fica no colo do útero) passe a ser mais espesso, dificultando a passagem dos espermatozoides para dentro do útero.
Vantagens: As menstruações passam a ser muito regulares. O fluxo é muito menor causando menos perda sanguínea. Na verdade não é uma menstruação real, mas apenas um sangramento, mais reduzido, causado pela suspensão da dose hormonal por uma semana. Cólicas e sintomas da TPM são aliviados. Protegem contra câncer de ovário e de endométrio. Tem altíssima eficácia se usadas corretamente, em torno de 99%,
Desvantagens: Despertador!!! Sim, ele será necessário, porque a pílula deve ser tomada todos os dias na mesma hora, para que os níveis hormonais não mudem muito. É muito fácil esquecer de tomá-la. Se isso ocorrer o plano é o seguinte: faz menos de 12 horas que você esqueceu? Tome a pílula esquecida e siga com as próximas no horário que já tomava antes. Faz mais de 12 horas? Tome a pílula esquecida, siga com as próximas no mesmo horário de sempre e use camisinha nas relações por 7 dias. Usar a pílula assim, de um modo meio desajeitado é muito frequente. E isso faz sua eficácia cair para uns 92% apenas. Além de tudo isso, a mulher pode não se adaptar à primeira marca receitada pelo médico (siiiiiiiiiiiiim, precisa de receita médica, e não de amiga ou vizinha pra começar a tomar anticoncepcional oral). Nesse caso podem ocorrer alguns efeitos colaterais, como dor de cabeça, sensação de inchaço, náusea, alteração de humor, etc. Volte ao seu médico e explique o que está acontecendo. Mais um ponto negativo é que a pílula não começa a agir imediatamente. Muitas pessoas acham que começas a tomar pílula hoje e amanhã podem ter relações sexuais sem risco de gravidez. Nada disso, só no decorrer da segunda cartela é que podemos ter certeza da eficácia máxima, ok! Uma outra desvantagem é o fato de haver algumas contraindicações fortes. Não podem absolutamente tomar pílulas: mulheres com pressão muito alta, fumantes com mais de 35 anos, mulheres com alguma doença cardíaca, ou no fígado, com problemas de trombose, diabéticas que dependam de insulina, mulheres com cânceres que respondam aos hormônios da pílula.


INJETÁVEL MENSAL
Como: tem a mesma combinação de hormônios da pílula e assim o mesmo efeito, impedindo a ovulação. Mas é aplicado por injeção uma vez por mês. É receitada pelo médico.
Vantagens: tem alta eficácia, mais de 99%, e não há risco de esquecimentos como no caso das pílulas. Sim, você ainda pode esquecer de tomar no dia certo, é claro...
Desvantagens: a injeção é intramuscular e pode ser desagradável, é possível (mas não certo) que haja aumento de peso e desregularização da menstruação. 


INJETÁVEL TRIMESTRAL
Como: é uma injeção só de progestágeno, não contém estrógenos, como a mensal e como a pílula. Também funciona impedindo a ovulação. Deve ser receitada pelo médico e tem eficácia de mais de 99%.
Vantagens: É fácil de usar e pode ser usada enquanto a mulher amamenta, ao contrário dos anticoncepcionais que contêm estrógenos. O incômodo de tomar uma injeção é mais espaçado que na injeção mensal.
Desvantagens: É uma injeção intramuscular o que pode desencorajar algumas candidatas. É frequente um certo aumento de peso. A substância que vai na injeção fica “estocada” no organismo, sendo usada aos poucos. Assim, se a mulher decide engravidar, pode demorar até que o efeito do anticoncepcional acabe.
Fato: muito provavelmente a mulher não irá menstruar. Isso pode ser encarado de formas diferentes por cada uma, como vantagem ou como desvantagem.


ANEL VAGINAL
Como: é um anel liso, que contém estrógenos e progestágenos. Ele deve ser inserido na parte superior da vagina (que é elástica e não sensível ao toque) e ficar lá por 3 semanas, dia e noite. Aos poucos, os hormônios vão sendo liberados e absorvidos pela mucosa da vagina, caindo na circulação sanguínea, onde terão seus efeitos contraceptivos. Ele não interfere na relação sexual nem nas atividades diárias da mulher. Caso seja da vontade do casal ele pode ser retirado por no máximo 3 horas.
Vantagens: como deve ser manuseado uma vez por mês os riscos de esquecimentos são menores.
Desvantagens: todos os efeitos colaterais que podem ter os métodos hormonais: dor de cabeça, corrimento, náusea, etc.


SISTEMA INTRA-UTERINO DE PROGESTÁGENO (SIU)
Como: É um aparelhinho parecido com o DIU, no mesmo formato e tamanho: um T com uns 3 cm de comprimento. Mas este sistema, ao contrário do DIU, também é um método hormonal. Como o anel vaginal, é impregnado por hormônios, neste caso apenas progestágenos, que vão sendo liberados aos pouquinhos e constantemente. Desse modo, ele também funciona impedindo a ovulação. Deve ser colocado e retirado por um médico.
Vantagens: tem longa duração, cerca de 5 anos, e é muito eficaz (99,7%). Pode ser usado em qualquer idade.
Desvantagens: o SIU pode ser expulso do útero, sem até que a mulher perceba o fato. O normal é que não haja menstruação mas manchas de sangue ocasionais (“spotting”) podem ocorre nos 3 primeiros meses de uso. Sensibilidade mamária e acne pode ocorrer em até 14% das mulheres. Outros possíveis efeitos são: dor abdominal, dor nas costas, na cabeça, depressão, náuseas, inchaço, como todo método hormonal. Se for colocado por profissional pouco treinado há um certo risco de perfuração uterina, mas isso não deve ocorrer se você buscar um bom médico.


IMPLANTE
Como: É um bastãozinho de uns 3 ou 4 cm, com 2 mm de diâmetro, que será inserido debaixo da pele do braço da mulher. Ele contém progestágenos que vão sendo liberados devagar, assim também é um método que impede a ovulação.
Vantagens: Tem duração de 3 anos, logo a mulher não tem que lembrar de tomar nada todos os dias, ou de ir a uma farmácia uma vez por mês para fazer injeção. A eficácia é muito alta e o retorno à fertilidade é rápido.
Desvantagens: Pode haver nervosismo no momento da colocação (é feito sob anestesia e com um cortinho muito pequeno, ele tem só 2 mm de diâmetro lembra?) O fluxo menstrual pode ficar alterado como em qualquer método que utilize apenas progestágenos e não umaa combinação desses com estrogênio. Mas muitas vezes também, ocorre de a mulher parar de menstruar. Pode haver dor de cabeça, náuseas, perda de peso.


E este foi o fim dos métodos hormonais.


ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA
Como: Laqueadura para elas, Vasectomia para eles.É uma cirurgia, muito menor e de melhor recuperação no homem do que na mulher, que corta as vias de passagem do óvulo (tubas uterinas) ou então dos espermatozóides (ducto deferente). O objetivo, claramente, é criar uma rua sem saída no percurso que óvulos e espermatozoides fazem para se encontrar. É como se um dos dois, de repente, encontrasse um beco fechado por um muro. A vasectomia é normalmente feita em consultório, com anestesia local e excelente recuperação. A laqueadura pode ser feita logo após o parto, se isso já estiver decidido com muita antecedência. Não, não cheguem semi-anestesiadas na sala de parto pedindo para que seja feito o procedimento após o nascimento do bebê, isso não será feito porque a taxa de arrependimento posterior é muito alta. Mas é possível fazê-la também fora do evento do parto, por cirurgia laparoscópica (aquela só com furinhos na barriga, sem cortes grandes). De qualquer forma, lembrem-se é um ato irreversível.
Vantagens: São métodos muito eficientes.  A laqueadura falha em 0,3% dos casos e a vasectomia falha a metade disso. Por ser um método definitivo, a contracepção nunca mais será um “problema a ser pensado” no dia a dia do casal.
Desvantagens: Justamente por ser um método definitivo, em caso de arrependimento, a única solução será... continuar arrependido. Há tentativas que podem ser feitas para que se reverta a situação, mas elas funcionam ainda muito mal, logo não devem ser levadas em conta no momento em que se decidir pela cirurgia de esterilização.


Muito bem, eram esses os principais métodos anticoncepcionais de planejamento familiar que gostaríamos que vocês conhecessem.


Mas ainda vamos abordar uma solução muito polêmica, limitando-nos ao aspecto médico e fisiológico da questão sem entrar em méritos religiosos, sociais, culturais, etc. É claro que eles sempre devem ser levados em consideração na decisão final, mas não é o objetivo aqui. No blog queremos apenas propiciar informações técnicas a respeito:



ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA – A PÍLULA DO DIA SEGUINTE
Como: Altas dosagens hormonais administradas logo após o ato sexual evitam a gravidez mesmo em caso de fertilização porque o implante no útero ocorre até 6 dias após. Dependendo da fase do ciclo da mulher em que o uso ocorrer, ele pode:

1) impedir que ela ovule (não haverá fertilização e assim o efeito é o mesmo dos outros métodos)
2) impedir que o espermatozoide chegue ao óvulo por diminuir a mobilidade das tubas uterinas (não haverá fertilização)
3) impedir que, após a fertilização, o zigoto se implante nas paredes uterinas por transformá-las em um ambiente adverso. Nesse caso ele funciona tembém como método contraceptivo, pois não haverá gravidez, mas que fique bem claro, não impede a fecundação. Esta ocorrerá, mas o zigoto será expulso imperceptivelmente com o sangramento menstrual.

Há composições que utilizam combinações de estrógenos e progestágenos e outras apenas com progestágenos. Apesar de se chamar popularmente a “pílula do dia seguinte”, na realidade, quanto antes for tomada melhor. A primeira dose assim que possível e a segunda dose 12 horas depois. Lembrando que se a primeira dose for tomada 72 horas depois da relação sexual sua eficiência não chega nem a metade da normal e deve ser evitada.

Porque se chama “de emergência”? Porque obviamente não é um método que deva ser usado como planejamento familiar (ou mesmo planejamento pessoal). Como vocês já viram os métodos hormonais tem uma série de efeitos colaterais. A pílula do dia seguinte nada mais é do que uma superdosagem de hormônios, logo podemos assumir uma superdosagem de efeitos colaterais, como náusea, dor de cabeça, vômitos, sensibilidade mamária, etc. Lembrando que se ocorrer vômito deve ser tomada uma nova dose.

O Ministério da Saúde hoje considera válido o uso do anticoncepcional de emergência em casos de relação sexual desprotegida, falha presumida do método anticoncepcional de rotina (Ex: uso sempre camisinha mas hoje ela estourou) ou em casos de violência sexual.

Caso você se enquadre nesses casos e tenha dúvida sobre o uso do anticoncepcional de emergência, procure a assistência médica mais próxima a você.



Fontes:
Ávila Walkiria Samuel, Tedoldi Citânia Lúcia. 20. Planejamento familiar e anticoncepção. Arq. Bras. Cardiol.  [serial on the Internet]. 2009  Dec [cited  2010  Aug  21] ;  93(6): 172-178. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2009001300020&lng=en.  doi: 10.1590/S0066-782X2009001300020.

Costa Ney Francisco Pinto, Ferraz Elisabeth Anhel, Souza Cynthia Teixeira de, Silva Cláudio Felipe Ribeiro da, Almeida Mônica Gomes de. Acesso à anticoncepção de emergência: velhas barreiras e novas questões. Rev. Bras. Ginecol. Obstet.  [serial on the Internet]. 2008  Feb [cited  2010  Aug  21] ;  30(2): 55-60. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032008000200002&lng=en.  doi: 10.1590/S0100-72032008000200002.

SOUZA, Rozana Aparecida de; BRANDAO, Elaine Reis. Marcos normativos da anticoncepção de emergência e as dificuldades de sua institucionalização nos serviços públicos de saúde. Physis,  Rio de Janeiro,  v. 19,  n. 4,   2009 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312009000400009&lng=en&nrm=iso>. access on  21  Aug.  2010.  doi: 10.1590/S0103-73312009000400009.

Lopes, A.C. Tratado de Clínica Médica. Vol2. 2ª. Ed – São Paulo: Roca, 2009.

Aula ministrada pela Dra. Cássia Juliato na disciplina Semiologia e Propedêutica do curso de medicina da FCM - Unicamp - 2010.

Aula ministrada pelo Dr. Luis Violin na disciplina Morfofisiologia Humana I do curso de medicina da FCM – Unicamp – 2008.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Câncer de Mama

Segundo estatísticas do Instituto do Câncer (INCA) para o ano de 2010, o câncer de mama é o segundo tipo de câncer que mais ocorre nas mulheres, perdendo apenas para o câncer de pele não-melanoma. No Brasil, a mortalidade devido ao tumor de mama ainda é alta, e a grande razão para isto é que na maior parte das vezes, o diagnóstico da doença ocorre quando ela já está em estágios avançados.

A doença tem uma baixa incidência antes dos 35 anos, mas acima desta idade passam a aumentar as chances de aparecimento. E engana-se quem pensa que esta é uma doença que só ocorre em mulheres: 1% de todos os casos de câncer de mama ocorre com homens.

Há muitos fatores envolvidos com um maior risco de a mulher desenvolver esta doença. Alguns deles são

Idade: após os 40 anos e sobretudo após os 50, o risco se eleva;
Casos na família: mãe, avó, irmã e/ou tia que tiveram a doença conferem um risco maior;
Mulheres que nunca tiveram um filho ou o fizeram após os 30 anos;
Mulheres que tiveram a primeira menstruação muito cedo;
Mulheres que tiveram a menopausa tardia;

Na maioria das vezes, a própria mulher detecta um "nódulo" na mama, seja durante o banho ou até mesmo após uma pancada nos seios, em que a mulher passa a massagear os seios doloridos e acaba descobrindo acidentalmente um nódulo que já estava lá. O parceiro, ao acariciar as mamas da mulher, também pode acabar detectando alguma irregularidade. De qualquer forma, o auto-exame das mamas, que deve ser feito regularmente, é uma boa ferramenta de que a mulher dispõe para avaliar a saúde de suas mamas (mas é importante ressaltar: apenas o auto-exame não é eficaz e nem é recomendado como único método de detecção de nódulos ou alterações nas mamas).

O sintoma mais comum relacionado ao câncer de mama é o aparecimento de um "nódulo", "caroço" ou "endurecimento" na mama, que não desaparece com o tempo e que não se altera quando pressionado. Antes de prosseguirmos, é muito importante mencionar que nódulos na mama NÃO SIGNIFICAM que a mulher tem câncer, porque existem nódulos benignos (que não são câncer) e nódulos malignos, então nada de desespero. Só o médico poderá dizer se o nódulo é suspeito ou não.

Outros sinais podem ser avaliados, como uma "retração" na mama, algumas "covinhas" ou "buraquinhos" na pele, se por acaso sai sangue ou algum líquido pelo mamilo ou se a pele da mama está ulcerada.

A mamografia tem como vantagem poder detectar alterações pequenas, que não seriam sentidas nem por examinadores treinados. Mulheres a partir dos 40 anos que não tenham sintomas devem realizar uma mamografia anual, como controle. Aquelas que apresentem algum nódulo na mama devem fazer uma mamografia bilateral (das duas mamas) o mais breve que puder. Na realidade, a mamografia não nos diz se um tumor é benigno ou maligno; o exame diagnóstico de certeza é a biópsia.

Em mulheres mais jovens, como as mamas são mais densas, às vezes a detecção de um nódulo pela mamografia não é tão fácil. Por esta razão, o ultrassom é o exame mais indicado.

Abaixo seguem algumas orientações sobre a realização do auto-exame das mamas:

1) Deite-se e ponha um travesseiro embaixo de seu ombro direito. Coloque seu braço direito atrás da cabeça;
2) Use a ponta dos três dedos (indicador, médio e anelar) da sua mão esquerda para sentir nódulos ou endurecimentos na mama direita;
3) Pressione bastante para um contato melhor com a mama, observando a forma, a densidade e possíveis abaulamentos (elevações na pele);
4) Faça um movimento em torno da mama num mesmo sentido. Siga a mesma rota a cada vez. Tenha a certeza de ter examinado a mama inteira.
5) Agora faça o exame da sua mama esquerda, usando as pontas dos seus dedos indicador, médio e anelar da mão direita, repetindo o que você fez com a mão esquerda no exame anterior.

Seria interessante colocar-se em frente a um espelho, justamente após fazer o auto-exame a cada mês. O auto-exame também pode ser feito durante o banho. As mãos ensaboadas deslizam na pele molhada, o que facilita o reconhecimento de alguma alteração. Caso algum nódulo ou outro sinal seja encontrado, procure um médico (na Unidade Básica de Saúde ou através de seu convênio). Só assim existirão casos diagnosticados a tempo, o que pode ajudar a evitar muitas mortes.


Fontes: Sociedade Brasileira de Cancerologia e Instituto Nacional do Câncer.