sábado, 4 de dezembro de 2010

Gestante HIV positivo

Todas as gestantes devem realizar testes para identificação da infecção pelo vírus HIV. É um exame de rotina na avaliação pré-natal. Este exame é particularmente importante, pois existem tratamentos que comprovadamente reduzem a chance de transmissão perinatal (durante a gravidez, parto, amamentação). 
Sem tratamento adequado, estima-se que 15 a 30% das crianças nascidas de mães soropositivas para o HIV (mães que são portadoras do vírus) adquirem o vírus durante a gestação, parto ou através da amamentação. Nas situações em que a grávida segue todas as recomendações médicas, a possibilidade de infecção do bebê reduz para níveis menores que 1%. As recomendações médicas são: o uso de remédios antirretrovirais combinados na grávida e no recém-nascido, o parto cesáreo e a não amamentação. A maior parte dos casos de transmissão vertical do HIV (em que a gestante transmite para o feto) 65% ocorre durante o trabalho de parto e no parto propriamente dito, e os 35% restantes ocorrem intra-útero, principalmente nas últimas semanas de gestação, havendo ainda o risco adicional de transmissão pós-parto por meio do aleitamento materno. Este representa riscos adicionais de transmissão, que se renovam a cada exposição da criança ao peito, e situa-se entre 7% a 22%. Esse risco se eleva, sendo de aproximadamente 30%, quando a infecção da mãe ocorre durante o período de amamentação. Por esse motivo, o aleitamento materno e o aleitamento cruzado (amamentação da criança por outra mulher) estão contra-indicados.

Diagnóstico durante o pré-natal

O teste para HIV é recomendada no 1º trimestre. Mas, quando a gestante não teve acesso ao pré-natal adequado, o diagnóstico pode ocorrer no 3º trimestre ou até na hora do parto. As gestantes que souberem da infecção durante o pré-natal têm indicação de tratamento com os medicamentos para prevenir a transmissão para o feto. Recebem, também, o acompanhamento necessário durante a gestação, parto e amamentação. A identificação de gestantes positivas para o HIV é fundamental para o acompanhamento pré-natal (durante a gestação) e neonatal (logo após o nascimento).

Gravidez depois do diagnóstico

Além de ser um direito garantido por lei, as mulheres soropositivas podem ter uma gravidez tranquila, segura e com muito baixo risco de que seu bebê nasça infectado pelo HIV, caso faça o correto acompanhamento médico e siga todas as recomendações e medidas preventivas.


Um pouco mais sobre AIDS

Sintomas
A Aids não se manifesta da mesma forma em todas as pessoas. Entretanto, os sintomas iniciais são geralmente semelhantes e, além disso, comuns a várias outras doenças. São eles: febre persistente, calafrios, dor de cabeça, dor de garganta, dores musculares, manchas na pele, gânglios ou ínguas embaixo do braço, no pescoço ou na virilha e que podem levar muito tempo para desaparecer. Com a progressão da doença e com o comprometimento do sistema imunológico do indivíduo, começam a surgir doenças oportunistas, tais como: tuberculose, pneumonia, alguns tipos de câncer, candidíase e infecções do sistema nervoso (toxoplasmose e as meningites, por exemplo).

Formas de Contágio
Assim pega:

Sexo vaginal sem camisinha
• Sexo anal sem camisinha
• Uso da mesma seringa ou agulha por mais de uma pessoa
• Transfusão de sangue contaminado
• Mãe infectada pode passar o HIV para o filho durante a gravidez, o parto e a amamentação
• Instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados.
Assim não pega:
Sexo, desde que se use corretamente a camisinha
• Masturbação a dois
• Beijo no rosto ou na boca
• Suor e lágrima
• Picada de inseto
• Aperto de mão ou abraço
• Talheres e copos
• Assento de ônibus
• Piscinas, banheiros ou pelo ar
• Doação de sangue
• Sabonete, toalha ou lençóis
Prevenção

Uso da camisinha – Diversos estudos confirmam a eficiência do preservativo na prevenção da aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis. Em um estudo realizado recentemente na Universidade de Wisconsin (EUA), demonstrou-se que o correto e sistemático uso de preservativos em todas as relações sexuais apresenta uma eficácia estimada em 90-95% na prevenção da transmissão do HIV. Quanto mais se usa a camisinha menor é o risco de contrair o HIV.

A camisinha é mesmo impermeável?

A impermeabilidade é um dos fatores que mais preocupam as pessoas. Em um estudo feito nos National Institutes of Health dos Estados Unidos, ampliou-se o látex do preservativo (utilizando-se de microscópio eletrônico), esticando-o em 2 mil vezes e não foi encontrado nenhum poro. Outro estudo examinou as 40 marcas de preservativos mais utilizados em todo o mundo, ampliando 30 mil vezes (nível de ampliação que possibilita a visão do HIV) e nenhum exemplar apresentou poros.

Em outro estudo mais antigo de 1992, que usou microesferas semelhantes ao HIV em concentração 100 vezes maior que a quantidade encontrada no sêmen, os resultados demonstraram que, mesmo nos casos em que a resistência dos preservativos mostrou-se menor, os vazamentos foram inferiores a 0,01% do volume total. O estudo concluiu que, mesmo nos piores casos, os preservativos oferecem 10 mil vezes mais proteção contra o vírus da aids do que a sua não utilização.

O dado mais convincente sobre a eficiência do preservativo na prevenção contra o HIV foi demonstrado por um estudo realizado entre casais, onde um dos parceiros estava infectado pelo HIV e o outro não. O estudo mostrou que, com o uso consistente dos preservativos, a taxa de infecção pelo HIV nos parceiros não infectados foi menor que 1% ao ano.

Diante dos resultados desses estudos, realizados por instituições renomadas e de credibilidade, pode-se dizer que o correto e freqüente uso do preservativo contribui de forma eficaz tanto para a prevenção de enfermidades quanto para evitar a ocorrência de gravidez não planejada.

Testes para o diagnóstico da infecção pelo HIV

O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito por meio de testes, realizados a partir da coleta de uma amostra de sangue. Esses testes podem ser realizados nos laboratórios de saúde pública, por meio do atendimento do usuário nas unidades básicas de saúde, em Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e em laboratórios particulares. Nos CTA, o teste anti-HIV pode ser feito de forma anônima e gratuita. Nesses Centros, além da coleta e da execução dos testes, há um processo de aconselhamento, antes e depois do teste, feito de forma cuidadosa, a fim de facilitar a correta interpretação do resultado pelo paciente. Todos os testes devem ser realizados de acordo com a norma definida pelo Ministério da Saúde e com produtos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA/MS) e por ela controlados. Departamento de DST/Aids – Ministério da 
Saúde




fontes

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Câncer ginecológico


O assunto de hoje é um assunto muito temido por todos: o câncer. Trataremos sobre os cânceres femininos. A mulher possui órgãos que o homem não possui. Chamamos o conjunto desses órgãos de trato genital feminino.



O trato genital feminio é composto pela vulva (monte pubiano, grandes e pequenos lábios, clitóris, glândulas de Skene e de Bartholin, meato uretral, fúrcula e períneo), vagina, colo e corpo do útero e pelos ovários. Observe as figuras a cima e ao lado para ver onde cada uma dessas estruturas de localiza.


 


Quando as células desses órgãos crescem desordenadamente elas podem gerar o que se chama de câncer, que é uma doença maligna que pode se espalhar para outras partes do corpo (metástase). Porquê isso ocorre ainda não está esclarecido mas alguns agentes e a composição genética da pessoa podem aumentar a chance  de ter câncer(fatores de risco), como vamos mostrar a seguir.

1) Câncer de vulva
É um câncer raro, representando 5% dos cânceres ginecológicos. Os locais de maior ocorrência são os grandes lábios e em segundo lugar os pequenos lábios, sendo muito raro no clitóris e glândulas. Tem grande taxa de cura quando descoberto no começo, sendo menor quando afeta os linfonodos locais. Geralmente afeta pessoas com mais de 50 anos de idade, exceto quando é causado pelo HPV, que pode afetar pessoas mais jovens. O diagnóstico é feito por biópsia da lesão e o tratamento depende do tipo histológico.

2)Câncer de vagina
Também é um câncer raro, representando 1% dos cânceres ginecológicos. São mais freqüentes quando secundários a outros tumores, tendo como fatores de risco o HPV e a irradiação prévia. Geralmente afeta mulheres entre 45 e 65 anos, que percebem corrimento ou sangramento vaginas. O tratamento depende do tipo histológico e envolve cirurgia e/ou radioterapia.

3)Câncer do colo do útero
É o câncer mais comum nas mulheres, representando 25% dos cânceres em geral. Ele é descoberto no exame de rotina, o papanicolau (citopatológico), tendo como fatores de risco o contato com o HPV (presente em 90% dos casos), as baixas condições sócio-econômicas, o início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros, tabagismo, uso prolongado de anticoncepcionais orais. Dentre as formas de prevenção estão o uso de camisinha, que evita o contato com o HPV durante a relação sexual e a realização de exames ginecológicos anualmente ou de acordo com a recomendação médica, permitindo detectar formas precursoras do câncer. No início geralmente não tem sintomas, podendo com o tempo gerar sangramento vaginal, corrimento e dor. A taxa de cura depende das características do tumor quando foi descoberto, sendo alta quando descoberto cedo.

4)Câncer do corpo (endométrio) do útero
Dentre os cânceres do corpo uterino o mais comum é o de endométrio, que é o tecido uterino que descama e origina a menstruação. O câncer de endométrio é o segundo câncer mais comum, tendo como fatores de risco a obesidade, a exposição prolongada a estrógenos, o diabetes e a idade avançada. Existe mais de um tipo e um dos sintomas importantes que podem indicar câncer do colo do útero é o sangramento pós menopausa. O tratamento pode envolver cirurgia e químio e radioterapia.

5)Câncer de ovário
Embora seja menos freqüente que o câncer de colo de útero, o câncer de ovário é o ginecológico que mais mata, pois, por ter um diagnóstico difícil, é diagnosticado em estágios mais avançados. Tem como fatores de risco a história familiar, sendo que 90% dos casos não apresentam fator de risco conhecido. O diagnóstico é feito por biópsia e pode ocorrer em qualquer idade mas é mais freqüente em mulheres com mais de 40 anos de idade. O tratamento depende do tipo de tumor e de seu estágio ao diagnóstico, representando a quarta causa de mortes por câncer em mulheres.

Consultem seu médico regularmente. Espero ter ajudado!Até a próxima.

http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=341
Aulas ministradas pelas Profa. Dra. Joana de Braga, pela Profa. Dra. Sophie Derchain e pela Profa. Dra. Liliana A. L. De Angelo Andrade em 2010 na disciplina MD644 da Unicamp

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Tipos de parto

 Os 9 meses se passaram, uma nova fase vai começar, mas antes...o bebê tem que nascer! Está quase na hora do bebê chegar e agora, qual parto é o melhor pra mim???Não sei não, acho que é melhor o bebê ficar aqui dentro mesmo...



Primeiro vamos tirar algumas dúvidas.

O que é o parto?
R: O parto é o nascimento do bebê.

Vai doer?
R: Existem muitos mitos em relação à dor do parto. A bíblia diz: "Parirás com dor", mas isso não é sempre verdade. O Ministério da Saúde apoia a humanização do parto, ou seja, tornar o parto o processo mais natural possível, no qual a mulher tenha apoio e por vezes um treino para lidar melhor com as contrações e não sentir a tão temida dor do parto. Estudos mostram que quando há um acompanhante com a gestante o processo de parto é facilitado e menos dolorido.

Quanto tempo dura o trabalho de parto?
R: Pode variar muito mas a média é de 12 horas.

Vou estar sozinha na hora do parto?
R: Não, a presença de um acompanhante na hora do parto é um direito da paciente e facilita o processo para a futura mãe, diminuindo o tempo do trabalho de parto.

O que são Doulas?
R: Doulas são mulheres voluntárias com experiência em ajudar e tranquilizar a gestante no parto. Se você não possui uma acompanhante, ou se prefere alguém com mais experiência na hora do parto, procure uma Doula.

Devo raspar os pêlos pubianos?
R: Não, no máximo deve-se cortá-los, já que o uso de gilete ou cera deixa os poros aberto facilitando infecções.


TIPOS DE PARTOS

1)Parto natural (normal):
   
     Recomendado sempre que possível pois gera menos complicações, uma melhor recuperação para a mãe e menos desconforto respiratório para o bebê do que a cesárea. Ele ocorre da seguinte maneira: a mãe começa a sentir a barriga dura e às vezes uma dor parecida com a cólica menstrual, gerada pela contração do útero, que com o o passar das horas vai ficando mais constante e mais forte, sendo acompanhada por uma sensação de vontade de fazer força (puxo), parecida com a força que se faz ao defecar. Também ocorre, ao mesmo tempo que as contrações, a dilatação do colo do útero, por onde o bebê vai passar, devendo ser de, no mínimo, 10 cm. Quando as contrações ficam bastante frequentes e o colo do útero está dilatado, o bebê se encaixa na bacia da mãe, passando depois pelo colo do útero e finalmente pela vagina. Pode ser realizado se a mãe já tiver feito uma cesárea anteriormente. A prática de enema (procedimento para esvaziar os intestinos) não é mais indicada.

2)Cesárea:

     Recomendada apenas em situação específicas, como quando o bebê é muito grande em relação ao corpo da mãe ou quando a mãe tem pressão alta por causa da gravidez. Por ser um procedimento cirúrgico possui mais riscos para a mãe e para o feto, como uma maior chance de infecções e hemorragias, possibilidade de laceração acidental de órgãos como a bexiga e ureteres ou do próprio bebê.

3)Parto de cócoras:

     É o parto natural feito na posição agachada. Esse tipo de parto necessita que a mãe tenha bastante força nas pernas para aguentar o seu peso nessa posição durante as contrações. As vantagens são que nessa posição a bacia da mãe fica mais aberta, facilitando a passagem do bebê e as contrações são menos intensas e mais constantes, diminuindo a dor.



4)Parto na água:


     É o parto natural feito dentro da água. A mãe fica sentada geralmente dentro de uma banheira e o bebê nasce na água. A água é morna (efeito anestésico) e a iluminação do ambiente é baixa, o que deixa a mãe mais relaxada e com menos dor.


5)Parto na horizontal:

     É o parto natural com a mulher deitada na horizontal. Essa posição dificulta o parto, pois o peso do bebê pressiona os grandes vasos que estão perto da coluna, obstruindo o fluxo de sangue que facilita as contrações.











A escolha do tipo de parto deve ser bem feita, analisando o que é melhor para a mãe e para o bebê e deve ser feito um trabalho de informação e apoio à gestante, desmistificando e tornando o parto mais humanizado e tranquilo possível para a mãe e para o bebê. Afinal de contas, quando ele estiver nos seus braços tudo vai ter valido a pena!


Bom parto!


fontes:



Tratado de fisiologia médica, 11 edição, Arthur C. Guyton e John E. Hall




http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/clipping0102030401.pdf

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

HPV

Há inscrições na Grécia antiga que fazem referência às verrugas comprometendo a área genital, sendo denominadas FICUS. Hoje, o HPV (papilomavirus humano) é a DST (doença sexualmente transmissível) mais comum no mundo. Há vários tipos dos vírus do HPV, mas os mais importantes são os de números 6 e 11 relacionados à formação das verrugas genitais, popularmente conhecidas como “crista de galo”, e os de número 16 e 18  relacionados ao câncer de colo de útero.
O contágio pelo HPV ocorre através de relações sexuais, sendo que na maioria das vezes essa infecção é transitória, devido reação do sistema de defesa natural do organismo (sistema imune) principalmente pelas mulheres mais novas. Assim, a mulher não apresenta qualquer sinal da contaminação. Estima-se que cerca de 80% da população sexualmente ativa entrou em contato com um ou mais tipos do vírus.
Tanto a mulher quanto o homem podem apresentar  verrugas conhecidas  e/ou lesões que não causam qualquer tipo de sintoma na vagina, colo do útero, pênis e ânus, mas podem evoluir para câncer de colo do útero se a mulher não se tratar precocemente, pois alguns tipos de HPV m um papel importante no desenvolvimento de lesões precursoras e do câncer.
A principal estratégia utilizada para detecção precoce da lesão precursora e diagnóstico precoce do câncer no Brasil é através da realização do exame preventivo do câncer do colo do útero, conhecido como exame de Papanicolaou. O exame pode ser realizado nos postos ou unidades de saúde que tenham profissionais da saúde capacitados para realizá-los. As verrugas genitais encontradas no ânus, no pênis, na vulva ou em qualquer área da pele podem ser diagnosticadas pelos exames urológico (pênis), ginecológico (vulva) e dermatológico (pele). A ocorrência de HPV durante a gravidez não implica obrigatoriamente numa má formação do feto nem impede o parto vaginal (parto normal). A via de parto (normal ou cesariana) deverá ser determinada pelo médico após análise individual de cada caso.
O uso de preservativo (camisinha) diminui a possibilidade de transmissão na relação sexual (apesar de não evitá-la totalmente). Por isso, sua utilização é recomendada em qualquer tipo de relação sexual, mesmo naquela entre casais estáveis.

Diversos tipos de tratamento podem ser oferecidos (tópico, com laser, cirúrgico). Só o médico, após a avaliação de cada caso, pode recomendar o tratamento mais adequado.

Dois tipos de vacinas foram criadas com o objetivo de prevenir a infecção por HPV e, dessa forma, reduzir o número de pacientes que venham a desenvolver câncer de colo de útero. Apesar das grandes expectativas e os bons resultados dos estudos, ainda não há evidência suficiente da eficácia da vacina contra o câncer de colo do útero. Uma das vacinas apresenta os tipos mais relacionados ao câncer de colo do útero (HPV-16 e HPV-18). A outra é quadrivalente, previne contra os tipos 16 e 18, presentes em 70% dos casos de câncer de colo do útero e contra os tipos 6 e 11, presentes em 90% dos casos de verrugas genitais. A duração da imunidade conferida pela vacina ainda não foi determinada, visto que só começou a ser comercializada no mundo há cerca de dois anos. Até o momento, só se tem convicção de cinco anos de proteção. O real impacto da vacinação contra o câncer de colo de útero só poderá ser observado após décadas. 
A vacina não é fornecida pelo SUS, assim a mulher que quiser recebê-la terá que procurar uma clínica particular. São três doses (a segunda depois de dois meses da primeira e a terceira 6 meses após a segunda dose) que custam em torno de R$ 500 cada (o valor varia de acordo com a clínica). A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em agosto de 2006 aprovou a vacina para uso em meninas e mulheres entre 9 a 26 anos de idade.


fontes:

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Climatério

O climatério é a fase da vida da mulher em que ocorre a transição do período reprodutivo ou fértil para o não reprodutivo, devido à diminuição dos hormônios sexuais produzidos pelos ovários. É marcado por inúmeras mudanças, mas é um fenômeno normal que faz parte da evolução biológica da mulher. A duração desta fase é variável e geralmente tem início ao redor dos 40 anos e alcança seu ponto mais alto com a menopausa (última menstruação espontânea) que costuma acontecer entre 45 a 50 anos. A partir de então a mulher passa a entrar na fase de pós-menopausa, que dura até a senilidade.
Com o aumento da expectativa de vida, um número cada vez maior de mulheres alcança o período do climatério e conseqüentemente os períodos de menopausa e pós-menopausa. Para que essas mulheres tenham uma vida saudável e com qualidade elas precisam ser orientadas para passarem por esse período de alterações da melhor forma possível.

Mas porque o climatério acontece?

À medida que a mulher envelhece há diminuição da população folicular e do nível hormonal o que determina modificações imediatas e tardias sejam elas endócrinas, metabólicas, somáticas e psíquicas, que são responsáveis pelas manifestações clínicas conhecidas como Síndrome do Climatério. Algumas mulheres podem permanecer sem sintomas, outras, entretanto, apresentam a maioria dos sintomas.
As manifestações podem surgir durante o climatério em associação e intensidade variáveis. As manifestações gerais são fogachos ou ondas de calor (causam vermelhidão súbita no rosto e no tronco, podem aparecer a qualquer hora do dia ou da noite), transpiração, palpitação, cefaléia, tonturas, ansiedade, depressão, insônia, fadiga, alterações da libido e perda da memória. Deve ser salientado que por diminuição do estrogênio (hormônio produzido pelo folículo ovariano em maturação), em uma parcela significativa da população feminina, pode ocorrer atrofia urogenital (o tecido da vagina perde elasticidade e lubrificação, a vagina torna-se mais estreita), podendo surgir desconforto durante o ato sexual. Há outras alterações como dificuldade para o esvaziamento da bexiga e perda involuntária de urina, também podem ocorrer infecções vaginais.
Inúmeros fatores interferem no climatério podendo tornar esse período difícil para a mulher e para a sua família. Participam desse processo as condições gerais de saúde, informações sobre o que é climatério, relacionamento familiar, vida conjugal e sexualidade. As alterações metabólicas como osteoporose (perda da massa óssea que torna os ossos frágeis e mais propensos à fratura), colesterol alto e doenças cardiovasculares são importantes e por isso a mulher deve realizar acompanhamento médico regular para prevenção efetiva das doenças e tratar as já instaladas.

Mas o que fazer?

Todas as mulheres devem tomar cuidados especiais em decorrência das modificações que começam ou se acentuam no período. Devem evitar alimentos gordurosos e calóricos, pois nesse período há maior tendência ao aumento de peso; preferir frutas, verduras e legumes. Alimentos enlatados ou congelados também devem ser evitados, pois prejudicam a massa óssea.
A prática de atividade física moderada é indicada para ajudar a controlar o peso e como relaxamento mental, mas antes a mulher deve ser avaliada para saber qual a intensidade de exercícios que poderá ser realizada.



Os tratamentos

Reposição hormonal continua a ter um papel importante no tratamento de mulheres climatéricas e na pós-menopausa sendo sua indicação o controle dos sinais e sintomas decorrentes da diminuição hormonal.
O tipo de hormônio empregado é importante, pois cada uma apresenta características especiais, devendo-se dar preferência aos que mais se parecem com os hormônios naturais, pois causam menos efeitos colaterais. Mas antes da realização de qualquer tipo de tratamento a mulher deve passar por uma avaliação verificando sua saúde através de conversa com o médico, exame físico, mamografia e exame para avaliação da massa óssea.
Constituem contra-indicações absolutas para Terapia de Reposição Hormonal pacientes com câncer de mama e do endométrio, as portadoras de meningioma (tumor nas meninges - tecido que reveste a superfície exterior do cérebro) e melanoma (tipo de câncer que tem origem nos melanócitos - células produtoras de melanina, substância que determina a cor da pele); pacientes que apresentaram fenômenos de tromboembolismo (obstrução das veias profundas por um trombo - coágulo de sangue) durante uso de contraceptivo hormonal oral (pílula) ou de hormônios na pós-menopausa; doença hepática ou renal aguda; insuficiência hepática ou renal grave; pressão alta severa e diabetes descompensado.
Fitoestrogênios são hormônios de origem vegetal derivados da soja, ricos em isoflavonas, que simulam os hormônios sexuais femininos. A introdução dessa alternativa à terapia hormonal clássica deve-se a observação das mulheres asiáticas que ingeriam alimentos ricos em isoflavonas e constatou-se que essas mulheres apresentavam menos queixas no período climatério.
As evidências científicas existentes, até o momento, sobre os efeitos das isoflavonas permitem reconhecer como viável apenas o seu uso para o alívio das ondas de calor associadas à menopausa e como auxiliar na redução dos níveis de colesterol, desde que prescrito por profissional habilitado, tendo em vista a quantidade e o período de utilização estar relacionado com a condição de saúde do indivíduo e as restrições aos grupos populacionais específicos. Demais alegações das isoflavonas, relacionadas a câncer, osteoporose, reposição hormonal, redução do risco de doenças cardiovasculares não têm comprovação científica suficiente para justificar o seu uso. 
Quanto à substituição de tratamentos convencionais por isoflavonas ou mesmo sua introdução complementar em esquemas terapêuticos, só deve ser feita após avaliação e sob exclusiva responsabilidade do médico responsável pelo tratamento. 



fontes:
Tratado de Clínica Médica - Antônio Carlos Lopes - Volume II - Segunda Edição
http://www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/atu3_05.htm

sábado, 28 de agosto de 2010

Violência NÃO!!! LIGUE 180.

Violência merece sempre uma única resposta: NÃO!

Seja ela física, verbal, moral, social, etc, a palavra é sempre não!
Nós, aqui, num blog sobre saúde da mulher, vamos fazer a nossa parte. Vamos colocar mais um pedrinha no muro que muitos tentam erguer para banir de uma vez a violência do nosso dia-a-dia.
Essa pedrinha será a divulgação de um serviço muito importante, o Ligue 180.





Em funcionamento ininterrupto desde 2006, a Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 - registrou 145.900 atendimentos no primeiro trimestre deste ano, ou seja, 65% a mais do que no primeiro trimestre de 2009. O serviço "presta informações e orientações sobre onde às mulheres podem recorrer caso sofram algum tipo de violência. O atendimento funciona 24 horas, todos os dias da semana, inclusive finais de semana e feriados". O atendimento é gratuito e sigiloso. A pessoa se identifica apenas se quiser. O combate à violência contra a mulher é uma benfeitoria não só para elas, é claro, mas para toda a sociedade, que se torna mais civil. Por isso, não são "só as mulheres que podem acionar os serviços. Homens que queiram fazer denúncias de casos de violência contra a mulher serão bem acolhidos."


Fonte: http://www.sepm.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2010/01/not_spm_divulga_balanco_central_2009/?searchterm=ligue%20180
https://sistema3.planalto.gov.br//spmu/portal_pr/atendimento/central.htm
http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=613:07082010-disque-ajuda-para-mulher-fez-1-milhao-de-atendimentos-folha&catid=43:noticias

domingo, 22 de agosto de 2010

Sexo na gravidez???

Pode ou não pode??? Este é um assunto em torno do qual há muita curiosidade e sobre o qual pode haver muita polêmica! A inspiração para este post, inclusive, partiu do comentário de um curioso visitante anônimo. Desejamos que continuem sempre mandando dúvidas e sugestões! Bom, em primeiro lugar, é preciso tentar entender um pouco de como funciona o processo de desejo e excitação de um dos seres mais complicados do mundo, a mulher.

Na mulher, principalmente, o desejo sexual, além da atração física e do "instinto animal", é muito acoplado e influenciado pelo lado psicológico, de como cada uma se sente, irritada, triste, ansiosa, animada, de como se vê, se acha sensual, gorda, magrela, feminina, feia, bonita, de como enxerga sua relação e seu parceiro, se o acha carinhoso o suficiente, se transmite segurança, se a protege, entre milhares de outros fatores que levariam horas para serem citados.

Na gravidez, há uma mudança hormonal e toda uma interpretação sobre tudo o que está acontecendo e irá acontecer por parte do casal que, em conjunto, afeta de forma bastante importante a sexualidade e o desejo. Em alguns casos, ocorre uma importante diminuição da libido, enquanto que em outros, ao contrário, a mulher aumenta a procura sexual pelo parceiro.

A mudança para um pólo ou outro varia de pessoa a pessoa. A ansiedade gerada nesse período pode contribuir para uma redução da libido, assim como o medo errôneo de que o coito possa causar um aborto ou que o pênis possa bater e machucar o feto. Além disso, várias mudanças ocorrem no corpo feminino, como mudanças na genitália e o crescimento da barriga, sendo que algumas mulheres necessitam de um tempo para se acostumarem e se aceitarem. Outro fator que pode atrapalhar são as constantes náuseas no primeiro trimestre de gravidez. Um dos grandes dilemas enfrentados está no fato de definir o papel que a mulher exerce, de mãe ou de esposa. Algumas, talvez influenciadas pela cultura católica de que a mãe é imaculada, sem desejos de cunho sexual, se sintam culpadas de praticar sexo com seu futuro filho dentro de seus ventres. Todas essas dificuldades, porém podem ser trabalhadas em conjunto, entre o casal.

O fator psicológico é o principal e mais complicado inibidor da relação sexual durante a gravidez. Segundo os obstetras, não há necessidade de a atividade ser interrompida, podendo ser feita desde o início até o final da gestação. Há algumas exceções, quando houver algum risco atribuído a alguma alteração na fisiologia e anatomia normal, nas quais o sexo poderá ser contra-indicado, mas isso deve ser orientado pelo obstetra.

Se não for desaconselhado pelo médico, é claro, a relação, além do prazer imediato e do aumento da cumplicidade do casal, pode ser uma extraordinária válvula de escape para tensões, medos, apreensões e ansiedades dessa fase da vida conjugal. Quando o casal for orientado a se abster até o tão esperado parto, vale usar a criatividade para experimentar outras formas de trocar carícias, como o sexo oral ou a masturbação mútua. Fica a dica.

sábado, 21 de agosto de 2010

Um bebê agora não? Conheça as opções para evitar e espere o momento certo.

A Família - Tarsila do Amaral
Olá,
Hoje vamos falar sobre planejamento familiar por métodos anticoncepcionais.
É um assunto importante para homens e mulheres, afinal essa deve ser sempre uma decisão conjunta.


Mas também é um assunto muito ligado à saúde feminina por alguns simples motivos:

• apesar de a gravidez ser um evento do casal (a mente dos dois vai se transformar e se adaptar à idéia de um filho chegando), no fim das contas o corpo modificado será o dela
• a maioria dos métodos de controle de natalidade atualmente são femininos e não masculinos
• consequentemente, efeitos colaterais e responsabilidade pelo uso correto são mais ligados a elas do que a eles

Atenção: vamos comentar aqui métodos para evitar a gravidez, mas lembrem-se sempre: o único modo de evitar doenças sexualmente transmissíveis (sífilis, gonorreia, hepatite, aids, hpv, ... , ... ,...) é a camisinha!!! Não abra mão da sua!


Bem, vamos às tantas opções disponíveis. São muitas, você pode ler todo o texto, ou ir direto àquelas que te interessam mais:


TABELINHA
Dia 1 = início da menstruação
Como: em princípio é simples, nada de sexo nos dias férteis da mulher. Esses dias, grosso modo, seriam 4 dias antes e 4 dias após a ovulação. Agora, por favor meninas, levante a quem sabe o dia exato de sua ovulação. Não, ninguém? Nenhuma por aí? Pois é... Um modo de calcular seria chamar o início da menstruação de dia 1. A ovulação assim ocorreria no dia 14. Maaaaas, mulher não é relógio, então também pode ser no dia 12, 13, 15, 16.... por aí, mais ou menos, variando de mês a mês. Legal, né? Logo, por segurança, o “nada de sexo” deve ocorrer do dia 7 ao dia 21, arredondando.
Vantagens: baixo custo, sem efeitos colaterais, pode ser revertido a qualquer momento.
Desvantagens: basta olhar a quantidade de “mais ou menos”, “por aí”, “variando” que fazem parte desse método. Resultado, ele falha bastante, em cerca de 20% dos casos. Isso, se o ciclo for bem regular, porque se for aquela coisa de atrasa 3 dias aqui, adianta uns 2 acolá, a % de falha aumenta. Outra coisa, ele exige disciplina. Esse “nada de sexo” pode acabar caindo, no dia-a-dia, num “quase nada”, afinal só um carinhozinho assim não tem problema, né? Na realidade pode ter, se o casal não for militarmente comprometido e acabar deixando esse carinhozinho rolar além do permitido.


COITO INTERROMPIDO
Como: o homem deve pressentir a ejaculação e retirar o pênis da vagina antes que o esperma seja liberado.
Vantagens: iguais ao método anterior
Desvantagens: requer auto-controle. Requer cuidado – se isso for feito numa segunda relação, o homem deve urinar antes, para retirar resíduos de esperma da relação anterior. Mesmo assim, não garante eficácia total, pois o líquido pré ejaculatório pode conter espermatozóides. É difícil de se estimar, mas esse método deve falhar em 25% dos casos.


CAMISINHA MASCULINA (PRESERVATIVO, CONDOM)
Como: é um envoltório de látex usado para recobrir o pênis durante todo o ato sexual e evitar que o esperma atinja a vagina. Requer alguns cuidados no início: colocar só quando o pênis estiver ereto, apertar a pontinha antes de desenrolar para tirar o ar e evitar que estoure, desenrolar somente sobre o pênis, do lado certo e completamente. E requer cuidados ao fim do ato sexual: retirar o pênis da vagina logo após a ejaculação para evitar vazamento.
Vantagens: é um dos únicos métodos que protege contra Doenças Sexualmente Transmissíveis (o outro é a camisinha feminina, e só). Se for bem utilizada tem eficácia de até 98%. Tem baixo custo: pode ser obtida gratuitamente nos Centro de Saúde do país (popular “postinho”).
Desvantagens: Mal utilizada, a eficácia pode cair para 88%. Alguns casais não a utilizam desde o início, desde as preliminares, e isso pode ser arriscado. Algumas pessoas têm alergia ao látex, e não podem utilizar esse método.


CAMISINHA FEMININA
Como: o objetivo é o mesmo do masculino, evitar contato do esperma com a vagina. Ela é um tubo de poliuretano com dois anéis, um ficará no fundo da vagina e o outro para fora do corpo da mulher. Para ser colocada, o anel da extremidade fechada deve ser pressionado (até ficar como um 8) e introduzido na vagina o mais profundamente possível. Após a retirada do pênis da vagina o anel externo deve ser rosqueado para evitar vazamentos durante a retirada.
Vantagens e Desvantagens: como as da camisinha masculina, com a mesma eficácia. Tem custo um pouco maior e não é distribuída gratuitamente.


DIAFRAGMA
Como: É um tipo de “gorrinho para o colo do útero”. Tem um anel que também deve ser pressionado para ser inserido na vagina até chegar ao colo. Deve ser usado com espermicida, armazenado adequadamente e limpo, para evitar infecções. Deve ser colocado cerca de meia hora antes da relação e retirado de 6 a 8 horas após. Tem diversos tamanhos, logo deve ser indicado por um médico.
Vantagens: pode ser reutilizado várias vezes
Desvantagens: se mal armazenado causa infecções. Mal colocado tem sua eficácia diminuída. É necessário um médico para prescrevê-lo.



DIU DE COBRE
Como: É um aparelhinho em forma de T recoberto por um fio de cobre que é inserido no útero por via vaginal em um consultório médico. Sua duração é de cerca de 3 anos, podendo chegar a 5. O que impede a gravidez, no caso, é a presença de um corpo estranho, o que causará uma reação localizada modificando o ambiente uterino e impedindo a fecundação. O DIU não é um sistema abortivo, pois a fecundação nem mesmo chega a acontecer. O cobre vai sendo liberado aos pouco do aparelho e vai causando uma espécie de inflamação local, impedindo a chegada dos espermatozoides até o óvulo. Há evidências de que o cobre também seria tóxico para os espermatozoides, causando sua morte precoce. Não, não se preocupem, com essa história de “tóxico”, “inflamação”, etc. São palavras fortes que podem assustar, mas vamos lá: essa inflamação é mínima e localizada, a mulher não a sentirá como um incômodo; e a toxicidade do cobre é para os espermatozoides, ela não chega até você, pois o metal não chega a ser absorvido pelo corpo da mulher, não vai para o sangue.
Vantagens: A eficácia é alta (99%) e caso falhe, o DIU pode ser retirado para o andamento da gravidez, ou às vezes isso nem é necessário. Não depende de a mulher lembrar de tomar algo todos os dias, como as pílulas,  e tem efeito imediato.
Desvantagens: é necessária uma boa equipe treinada para a colocação, evitando acidentes e desconforto. Há um certo risco de uma inflamação na região pélvica. Região onde? Lá, nas partes baixas, onde estão útero, bexiga, vagina e outros. Pode ocorrer um aumento do fluxo menstrual importante, e aumento de cólicas, mas isso tende a diminuir após alguns meses. Nas mulheres em que o método falhar (isso acontece em 1% dos casos lembra? Nenhum método é perfeito...) As chances de que ocorra uma gravidez fora do útero é um pouco maior do que nas mulheres que não usam DIU. Como o espaço que seria do feto está “ocupado” ele se ajeita em outro local, mas isso não é frequente, o normal é uma gravidez uterina mesmo.


Neste ponto vamos começar a falar de alguns métodos que utilizam hormônios para alterar o ciclo reprodutivo da mulher.


ANTICONCEPCIONAL ORAL COMBINADO - PÍLULA
Como: são cartelas de pílulas que devem ser tomadas de diferentes maneiras dependendo da quantidade de hormônio que contenham. Algumas são tomadas diariamente por 21 dias, com interrupção de 7 dias entre as cartelas. Outras são tomadas também diariamente por 24 dias, com interrupção de 4 dias. Os hormônios contidos nas pílulas são estrógenos e progestágenos, análogos aos produzidos pela mulher. Mas então como agem? Por que afinal de contas dar um hormônio que a mulher já produz evita a gravidez. Acontece que mulher é essa criatura instável que todos conhecemos e por isso mesmo produz quantidades diferentes de hormônios durante o ciclo menstrual. Às vezes faz só um pouquinho de um e muito do outro, às vezes inverte... E é justamente esse baile de hormônios, dois pra lá dois pra cá que faz acontecer a ovulação (saída do óvulo do ovário para o útero). Quando a mulher toma a pílula, esses hormônios ficam numa concentração constante no organismo. Sem baile, sem ovulação; sem ovulação, sem gravidez. Além de inibir a ovulação, as pílulas fazem com que o “muco cervical” (que fica no colo do útero) passe a ser mais espesso, dificultando a passagem dos espermatozoides para dentro do útero.
Vantagens: As menstruações passam a ser muito regulares. O fluxo é muito menor causando menos perda sanguínea. Na verdade não é uma menstruação real, mas apenas um sangramento, mais reduzido, causado pela suspensão da dose hormonal por uma semana. Cólicas e sintomas da TPM são aliviados. Protegem contra câncer de ovário e de endométrio. Tem altíssima eficácia se usadas corretamente, em torno de 99%,
Desvantagens: Despertador!!! Sim, ele será necessário, porque a pílula deve ser tomada todos os dias na mesma hora, para que os níveis hormonais não mudem muito. É muito fácil esquecer de tomá-la. Se isso ocorrer o plano é o seguinte: faz menos de 12 horas que você esqueceu? Tome a pílula esquecida e siga com as próximas no horário que já tomava antes. Faz mais de 12 horas? Tome a pílula esquecida, siga com as próximas no mesmo horário de sempre e use camisinha nas relações por 7 dias. Usar a pílula assim, de um modo meio desajeitado é muito frequente. E isso faz sua eficácia cair para uns 92% apenas. Além de tudo isso, a mulher pode não se adaptar à primeira marca receitada pelo médico (siiiiiiiiiiiiim, precisa de receita médica, e não de amiga ou vizinha pra começar a tomar anticoncepcional oral). Nesse caso podem ocorrer alguns efeitos colaterais, como dor de cabeça, sensação de inchaço, náusea, alteração de humor, etc. Volte ao seu médico e explique o que está acontecendo. Mais um ponto negativo é que a pílula não começa a agir imediatamente. Muitas pessoas acham que começas a tomar pílula hoje e amanhã podem ter relações sexuais sem risco de gravidez. Nada disso, só no decorrer da segunda cartela é que podemos ter certeza da eficácia máxima, ok! Uma outra desvantagem é o fato de haver algumas contraindicações fortes. Não podem absolutamente tomar pílulas: mulheres com pressão muito alta, fumantes com mais de 35 anos, mulheres com alguma doença cardíaca, ou no fígado, com problemas de trombose, diabéticas que dependam de insulina, mulheres com cânceres que respondam aos hormônios da pílula.


INJETÁVEL MENSAL
Como: tem a mesma combinação de hormônios da pílula e assim o mesmo efeito, impedindo a ovulação. Mas é aplicado por injeção uma vez por mês. É receitada pelo médico.
Vantagens: tem alta eficácia, mais de 99%, e não há risco de esquecimentos como no caso das pílulas. Sim, você ainda pode esquecer de tomar no dia certo, é claro...
Desvantagens: a injeção é intramuscular e pode ser desagradável, é possível (mas não certo) que haja aumento de peso e desregularização da menstruação. 


INJETÁVEL TRIMESTRAL
Como: é uma injeção só de progestágeno, não contém estrógenos, como a mensal e como a pílula. Também funciona impedindo a ovulação. Deve ser receitada pelo médico e tem eficácia de mais de 99%.
Vantagens: É fácil de usar e pode ser usada enquanto a mulher amamenta, ao contrário dos anticoncepcionais que contêm estrógenos. O incômodo de tomar uma injeção é mais espaçado que na injeção mensal.
Desvantagens: É uma injeção intramuscular o que pode desencorajar algumas candidatas. É frequente um certo aumento de peso. A substância que vai na injeção fica “estocada” no organismo, sendo usada aos poucos. Assim, se a mulher decide engravidar, pode demorar até que o efeito do anticoncepcional acabe.
Fato: muito provavelmente a mulher não irá menstruar. Isso pode ser encarado de formas diferentes por cada uma, como vantagem ou como desvantagem.


ANEL VAGINAL
Como: é um anel liso, que contém estrógenos e progestágenos. Ele deve ser inserido na parte superior da vagina (que é elástica e não sensível ao toque) e ficar lá por 3 semanas, dia e noite. Aos poucos, os hormônios vão sendo liberados e absorvidos pela mucosa da vagina, caindo na circulação sanguínea, onde terão seus efeitos contraceptivos. Ele não interfere na relação sexual nem nas atividades diárias da mulher. Caso seja da vontade do casal ele pode ser retirado por no máximo 3 horas.
Vantagens: como deve ser manuseado uma vez por mês os riscos de esquecimentos são menores.
Desvantagens: todos os efeitos colaterais que podem ter os métodos hormonais: dor de cabeça, corrimento, náusea, etc.


SISTEMA INTRA-UTERINO DE PROGESTÁGENO (SIU)
Como: É um aparelhinho parecido com o DIU, no mesmo formato e tamanho: um T com uns 3 cm de comprimento. Mas este sistema, ao contrário do DIU, também é um método hormonal. Como o anel vaginal, é impregnado por hormônios, neste caso apenas progestágenos, que vão sendo liberados aos pouquinhos e constantemente. Desse modo, ele também funciona impedindo a ovulação. Deve ser colocado e retirado por um médico.
Vantagens: tem longa duração, cerca de 5 anos, e é muito eficaz (99,7%). Pode ser usado em qualquer idade.
Desvantagens: o SIU pode ser expulso do útero, sem até que a mulher perceba o fato. O normal é que não haja menstruação mas manchas de sangue ocasionais (“spotting”) podem ocorre nos 3 primeiros meses de uso. Sensibilidade mamária e acne pode ocorrer em até 14% das mulheres. Outros possíveis efeitos são: dor abdominal, dor nas costas, na cabeça, depressão, náuseas, inchaço, como todo método hormonal. Se for colocado por profissional pouco treinado há um certo risco de perfuração uterina, mas isso não deve ocorrer se você buscar um bom médico.


IMPLANTE
Como: É um bastãozinho de uns 3 ou 4 cm, com 2 mm de diâmetro, que será inserido debaixo da pele do braço da mulher. Ele contém progestágenos que vão sendo liberados devagar, assim também é um método que impede a ovulação.
Vantagens: Tem duração de 3 anos, logo a mulher não tem que lembrar de tomar nada todos os dias, ou de ir a uma farmácia uma vez por mês para fazer injeção. A eficácia é muito alta e o retorno à fertilidade é rápido.
Desvantagens: Pode haver nervosismo no momento da colocação (é feito sob anestesia e com um cortinho muito pequeno, ele tem só 2 mm de diâmetro lembra?) O fluxo menstrual pode ficar alterado como em qualquer método que utilize apenas progestágenos e não umaa combinação desses com estrogênio. Mas muitas vezes também, ocorre de a mulher parar de menstruar. Pode haver dor de cabeça, náuseas, perda de peso.


E este foi o fim dos métodos hormonais.


ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA
Como: Laqueadura para elas, Vasectomia para eles.É uma cirurgia, muito menor e de melhor recuperação no homem do que na mulher, que corta as vias de passagem do óvulo (tubas uterinas) ou então dos espermatozóides (ducto deferente). O objetivo, claramente, é criar uma rua sem saída no percurso que óvulos e espermatozoides fazem para se encontrar. É como se um dos dois, de repente, encontrasse um beco fechado por um muro. A vasectomia é normalmente feita em consultório, com anestesia local e excelente recuperação. A laqueadura pode ser feita logo após o parto, se isso já estiver decidido com muita antecedência. Não, não cheguem semi-anestesiadas na sala de parto pedindo para que seja feito o procedimento após o nascimento do bebê, isso não será feito porque a taxa de arrependimento posterior é muito alta. Mas é possível fazê-la também fora do evento do parto, por cirurgia laparoscópica (aquela só com furinhos na barriga, sem cortes grandes). De qualquer forma, lembrem-se é um ato irreversível.
Vantagens: São métodos muito eficientes.  A laqueadura falha em 0,3% dos casos e a vasectomia falha a metade disso. Por ser um método definitivo, a contracepção nunca mais será um “problema a ser pensado” no dia a dia do casal.
Desvantagens: Justamente por ser um método definitivo, em caso de arrependimento, a única solução será... continuar arrependido. Há tentativas que podem ser feitas para que se reverta a situação, mas elas funcionam ainda muito mal, logo não devem ser levadas em conta no momento em que se decidir pela cirurgia de esterilização.


Muito bem, eram esses os principais métodos anticoncepcionais de planejamento familiar que gostaríamos que vocês conhecessem.


Mas ainda vamos abordar uma solução muito polêmica, limitando-nos ao aspecto médico e fisiológico da questão sem entrar em méritos religiosos, sociais, culturais, etc. É claro que eles sempre devem ser levados em consideração na decisão final, mas não é o objetivo aqui. No blog queremos apenas propiciar informações técnicas a respeito:



ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA – A PÍLULA DO DIA SEGUINTE
Como: Altas dosagens hormonais administradas logo após o ato sexual evitam a gravidez mesmo em caso de fertilização porque o implante no útero ocorre até 6 dias após. Dependendo da fase do ciclo da mulher em que o uso ocorrer, ele pode:

1) impedir que ela ovule (não haverá fertilização e assim o efeito é o mesmo dos outros métodos)
2) impedir que o espermatozoide chegue ao óvulo por diminuir a mobilidade das tubas uterinas (não haverá fertilização)
3) impedir que, após a fertilização, o zigoto se implante nas paredes uterinas por transformá-las em um ambiente adverso. Nesse caso ele funciona tembém como método contraceptivo, pois não haverá gravidez, mas que fique bem claro, não impede a fecundação. Esta ocorrerá, mas o zigoto será expulso imperceptivelmente com o sangramento menstrual.

Há composições que utilizam combinações de estrógenos e progestágenos e outras apenas com progestágenos. Apesar de se chamar popularmente a “pílula do dia seguinte”, na realidade, quanto antes for tomada melhor. A primeira dose assim que possível e a segunda dose 12 horas depois. Lembrando que se a primeira dose for tomada 72 horas depois da relação sexual sua eficiência não chega nem a metade da normal e deve ser evitada.

Porque se chama “de emergência”? Porque obviamente não é um método que deva ser usado como planejamento familiar (ou mesmo planejamento pessoal). Como vocês já viram os métodos hormonais tem uma série de efeitos colaterais. A pílula do dia seguinte nada mais é do que uma superdosagem de hormônios, logo podemos assumir uma superdosagem de efeitos colaterais, como náusea, dor de cabeça, vômitos, sensibilidade mamária, etc. Lembrando que se ocorrer vômito deve ser tomada uma nova dose.

O Ministério da Saúde hoje considera válido o uso do anticoncepcional de emergência em casos de relação sexual desprotegida, falha presumida do método anticoncepcional de rotina (Ex: uso sempre camisinha mas hoje ela estourou) ou em casos de violência sexual.

Caso você se enquadre nesses casos e tenha dúvida sobre o uso do anticoncepcional de emergência, procure a assistência médica mais próxima a você.



Fontes:
Ávila Walkiria Samuel, Tedoldi Citânia Lúcia. 20. Planejamento familiar e anticoncepção. Arq. Bras. Cardiol.  [serial on the Internet]. 2009  Dec [cited  2010  Aug  21] ;  93(6): 172-178. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2009001300020&lng=en.  doi: 10.1590/S0066-782X2009001300020.

Costa Ney Francisco Pinto, Ferraz Elisabeth Anhel, Souza Cynthia Teixeira de, Silva Cláudio Felipe Ribeiro da, Almeida Mônica Gomes de. Acesso à anticoncepção de emergência: velhas barreiras e novas questões. Rev. Bras. Ginecol. Obstet.  [serial on the Internet]. 2008  Feb [cited  2010  Aug  21] ;  30(2): 55-60. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032008000200002&lng=en.  doi: 10.1590/S0100-72032008000200002.

SOUZA, Rozana Aparecida de; BRANDAO, Elaine Reis. Marcos normativos da anticoncepção de emergência e as dificuldades de sua institucionalização nos serviços públicos de saúde. Physis,  Rio de Janeiro,  v. 19,  n. 4,   2009 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312009000400009&lng=en&nrm=iso>. access on  21  Aug.  2010.  doi: 10.1590/S0103-73312009000400009.

Lopes, A.C. Tratado de Clínica Médica. Vol2. 2ª. Ed – São Paulo: Roca, 2009.

Aula ministrada pela Dra. Cássia Juliato na disciplina Semiologia e Propedêutica do curso de medicina da FCM - Unicamp - 2010.

Aula ministrada pelo Dr. Luis Violin na disciplina Morfofisiologia Humana I do curso de medicina da FCM – Unicamp – 2008.